quinta-feira, 24 de novembro de 2011

FALANDO DE BOSSA NOVA

Bossa Nova é um subgênero musical derivado do samba e com forte influência do jazz estadunidense, surgido no final da década de 1950 no Rio de Janeiro. De início, o termo era apenas relativo a um novo modo de cantar e tocar samba naquela época, ou seja, a uma reformulação estética dentro do moderno samba carioca urbano. Com o passar dos anos, a Bossa Nova tornar-se-ia um dos movimentos mais influentes da história da música popular brasileira, conhecido em todo o mundo e, especialmente, associado a João Gilberto, Nara Leão, Vinicius de Moraes, Antonio Carlos Jobim, Baden Powell e Luiz Bonfá.


Movimento musical ocorrido no Brasil nos primeiros anos da década de 60. A Bossa Nova foi responsável pela fusão de ritmos brasileiros com algum sotaque da música de jazz norte-americana, sobretudo no que se refere ao sotaque das inovações harmônicas e utilização de alguns instrumentos presentes neste gênero musical.

Apesar dessa fusão musical, a Bossa Nova deu nova expressão sobretudo à grande riqueza da musicalidade brasileira, com suas canções versando sobre temas, sejam amorosos sejam sociais, voltados à maneira brasileira de viver. Teve entre seus principais tutores o compositor Antônio Carlos Jobim, e o maior intérprete e divulgador da bossa no exterior foi João Gilberto.
 
Nos anos 1940, o samba-canção já era uma alternativa para o samba tradicional, batucado, quadrado. Em sua gênese foram empregados recursos correntes na música erudita europeia e na música popular norte-americana. Já era algo mais sofisticado, praticado por compositores e arranjadores com maior preparo musical e sempre de ouvido aberto para as soluções propostas pela música estrangeira. O jazz, por exemplo, mais tarde permitiria fusões interessantes como o “samba-jazz e o “samba moderno”, com arranjos grandiosos e com base nos instrumentos de sopro. Mas, em termos de poesia e expressividade, o samba-canção tendia a manter seu caráter escuro, sombrio, com muitos elementos que lembravam a atmosfera tensa e pessimista do tango argentino e do bolero, gêneros latinos por excelência.
O samba-canção esteve desde logo ambientado em Copacabana, lugar de vida noturna intensa, boates enfumaçadas, mulheres adultas e fatais envoltas num clima de pecado e traição, enquanto a Bossa Nova ambientou-se mais para o Sul, em Ipanema, além de tornar-se representativa de um público mais jovem, amante do sol e da praia. Nesse ambiente solar, a mulher passou a ser a garota da praia, a namorada. Deu-se um descanso às imagens de “amante proibida e vingativa, com uma navalha na liga. E as letras da Bossa Nova não tinham nada de enfumaçado. Eram uma saga oceânica: a nado, numa prancha ou num barquinho, seus compositores prestaram todas as homenagens possíveis ao mar e ao verão. Esse mar e esse verão eram os de Ipanema” (Castro, 1999, p. 59).

A Bossa Nova levou aos extremos a tendência intimista de cantar sobre temas do cotidiano, sem muita complicação poética. Em vez da negatividade do samba-canção, explorou ao máximo a positividade expressiva e um otimismo sem precedentes. Esse foi o grande traço distintivo entre a Bossa Nova e o samba-canção. O otimismo diante do amor trouxe consigo imagens de paz e estabilidade possibilitadas por relacionamentos amorosos felizes e amores correspondidos, sem as cores patológicas e dramáticas que tanto marcavam os sambas canções. Mesmo a dor, quando ocorria, era encarada como um estágio passageiro, deixando de assumir o antigo caráter terminal.

Em plenos anos 1950, quando nas rádios predominava o derramamento vocal e sentimental, Tom Jobim já buscava um retraimento expressivo pautado por um discurso poético/musical mais sereno, mais em tom de conversa do que de súplica.
Se os mais jovens identificavam-se com essas coisas novas, os mais velhos e tradicionalistas viam-nas com estranheza, sendo compreensível que as descrevessem como canções bobas e ingênuas, não obstante a sofisticação harmônica e rítmica.Então vê-se que o principal traço distintivo da Bossa Nova com relação ao samba-canção foi a exploração da positividade expressiva e um otimismo sem precedentes.Entre os sambas questões temos  o de Herivelto Martins e também de Dolores Duran.
 
"Não falem dessa mulher perto de mim, / Não falem pra
não me lembrar minha dor(Cabelos brancos, de Marino Pinto e Herivelto Martins.)"

"Eu não seria essa mulher que chora / Eu não teria perdido você"
(Castigo, de Dolores Duran.)

Pode-se dizer que   samba-canção e Bossa Nova representaram desenvolvimentos autênticos do samba tradicional, cada qual com temática própria e estrutura melódica e musical distinta.
 
A Bossa Nova em si foi ambientada em Ipanema, foi bem recebida por um público mais jovem com abordagem de temas do cotidiano e com uma maior sofisticação harmônica e rítmica



O Movimento  ficou associado ao crescimento urbano brasileiro - impulsionado pela fase desenvolvimentista da presidência de Juscelino Kubitschek (1955-1960) -, a bossa nova iniciou-se para muitos críticos quando foi lançado, em agosto de 1958, um compacto simples do violonista baiano João Gilberto (considerado o papa do movimento), contendo as canções Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e Bim Bom (do próprio cantor).

Meses antes, João participara de Canção do Amor Demais, um álbum lançado em maio daquele mesmo ano e exclusivamente dedicado às canções da iniciante dupla Tom/Vinicius, interpretado pela cantora fluminense Elizeth Cardoso. De acordo com o escritor Ruy Castro (em seu livro Chega de saudade, de 1990), este LP não foi um sucesso imediato ao ser lançado, mas o disco pode ser considerado um dos marcos da bossa nova, não só por ter trazido algumas das mais clássicas composições do gênero - entre as quais, Luciana, Estrada Branca, Outra Vez e Chega de Saudade-, como também pela célebre batida do violão de João Gilberto, com seus acordes dissonantes e inspirados no jazz norte-americano - influência esta que daria argumentos aos críticos da bossa nova.

Outras das características do movimento eram suas letras que, contrastando com os sucessos de até então, abordavam temáticas leves e descompromissadas - exemplo disto, Meditação, de Tom Jobim e Newton Mendonça. A forma de cantar também se diferenciava da que se tinha na época. Segundo o maestro Júlio Medaglia, "desenvolver-se-ia a prática do canto-falado ou do cantar baixinho, do texto bem pronunciado, do tom coloquial da narrativa musical, do acompanhamento e canto integrando-se mutuamente, em lugar da valorização da 'grande voz'".
Nara Leão, uma das maiores expoentes
da bossa nova

Em 1959, era lançado o primeiro LP de João Gilberto, Chega de saudade, contendo a faixa-título - canção com cerca de 100 regravações feitas por artistas brasileiros e estrangeiros. A partir dali, a bossa nova era uma realidade. Além de João, parte do repertório clássico do movimento deve-se as parcerias de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Consta-se, segundo muitos afirmam, que o espírito bossa-novista já se encontrava na música que Jobim e Moraes fizeram, em 1956, para a peça Orfeu da Conceição, primeira parceria da dupla, que esteve perto de não acontecer, uma vez que Vinícius primeiro entrou em contato com Vadico, o famoso parceiro de Noel Rosa e ex-membro do Bando da Lua, para fazer a trilha sonora. É dessa peça, baseada na tragédia Grega Orfeu, uma das belas composições de Tom e Vinícius, "Se todos fossem iguais a você", já prenunciando os elementos melódicos da Bossa Nova.
Além de Chega de saudade, os dois compuseram Garota de Ipanema, outra representativa canção da bossa nova, que se tornou a canção brasileira mais conhecida em todo o mundo, depois de Aquarela do Brasil (Ary Barroso), com mais de 169 gravações, entre as quais de Sarah Vaughan, Stan Getz, Frank Sinatra (com Tom Jobim), Ella Fitzgerald entre outros. É de Tom Jobim também, junto com Newton Mendonça, as canções Desafinado e Samba de uma Nota Só, dois dos primeiros clássicos do novo gênero musical brasileiro a serem gravados no mercado norte-americano a partir de 1960.

Ouça um pouco de Bossa Nova abaixo:




SAMBA CANÇÃO










domingo, 20 de novembro de 2011

JORNAL O ESTADÃO DO NORTE PROMOVE OFICINAS DE COMUNICAÇÃO



A Oficina de Comunicação & Mídia promoverá palestras nos dias 21 e 22 de novembro no auditório do SINDSEF. O tema principal desta edição será “Muralhas da Comunicação”. O evento é uma promoção do jornal “O Estadão do Norte”.
A abertura será nesta segunda feira, às 19 horas, e segundo o idealizador do evento, Zacarias Penna Verde, editor do jornal, foram convidados para o evento, acadêmicos de vários cursos, alunos de escolas, empresários e profissionais de varias áreas.
Este ano foi confirmado palestras ministradas pelos profissionais de comunicação como Sara Xavier, Adércio Dias, Dalton Di Franco, Anísio Gorayeb, Rubens Nascimento, e terá também a participação da delegada Noelle Caroline e do sindicalista Anildo Prado.
As inscrições podem sem feitas gratuitamente através do email oficinaestadaoweb2011@gmail.com


Fonte: Ascom.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

CARTA RECEBIDA DE UMA ALUNA DO TERCEIRÃO/2011



Um dia eu desejei ser mais do que eu era,ir além do meu limite, dar o melhor de mim ...e,foi nesse momento que surgiu a oportunidade de fazer o Ensino Médio na Escola João Bento...surgiu e parecia estar dando tudo certo até o momento em que conheci a Escola.Nesse momento – 1º ano – parecia que todos os meus sonhos acabavam de se tornar apenas sonhos e eu me tornei apenas mais uma aluna do João Bento.O ano passou e eu tinha a esperança de que no segundo ano algo mudasse e fosse diferente,mas cada vez mais eu estava tendo a certeza de que o que desejei um dia ficaria mais uma vez só na esperança e a cada dia que passava eu sabia que estava chegando o momento que na minha cabeça seria o pior ano da minha vida, pois a “fera” Soniamar me daria aula. O 3º ano chegou e logo descobri que o meu medo acabava de se concretizar,pois eu estava dentro de uma sala frente a frente com a “fera”,ouvindo que se eu não estudasse não seria capaz de passar no tão sonhado curso universitário,mas isso me fez ter coragem de buscar e de mostrar para a dita “fera” que ela estava errada e decidi prolongar minhas horas de estudo,tudo para mostrar-lhe que eu era diferente,mas logo veio as “bombas” e eu começava a desacreditar de vez nos meus sonhos.Chorei,pensei em desistir e a “fera “ só nos bombardeando e jogando na nossa cara a incapacidade de alcançar a média.Vi vários amigos desistindo,tomando caminhos diferentes e sejmpre pedindo para eu não desistir,para eu não fraquejar e foi aí que decidi que EU era muito mais que isso,que eu era capaz de suportar a pressão...
Ao chegar no final de ano,nos dias de prova do ENEM caí em mim, a “fera” acabara de se tornar a real fera...É...e graças a essa fera na Língua Portuguesa, fera nas cobranças, a professora fera no trabalho que faz,que cheguei até aqui com a certeza de que mais que um terceiro ano eu tive uma família disposta a caminhar comigo,onde quer que eu fosse. HOJE, com toda certeza EU posso falar que a sua missão foi cumprida e que mais do que alunos, você juntamente com toda essa equipe maravilhosa formaram pessoas melhores. Soniamar eu só tenho a agradecer a sua atenção e dedicação e dizer que você é uma das responsáveis pela mudança que tive e pela minha formação como pessoa. Só tenho um pedido a te fazer,:Gostaria que vocês não parassem com esse trabalho tão gratificante e transformador.E tenha a certeza de que quando eu estiver formada, voltarei para mostrar que o seu trabalho e dos demais teve continuidade.
Eis aqui uma filha do TERCEIRÃO grata ao trabalho dedicado de uma grande profissional.
Um grande beijo a “fera” do João Bento... ( aluna B.F – resultado de seu trabalho)



Na data de ontem recebi um ramo de rosa vermelha com margaridas brancas e a carta acima e, mais uma vez não posso deixar de registrar aqui nesse blog o quão importante é , não só para mim como para os demais educadores do Projeto Terceirão receber esse carinho de vocês - nossos alunos. Nestes últimos dias, vários foram os depoimentos e manifestações de carinho de vocês para com nosso trabalho e, isso nos faz tentar e nos dá força para vencer os obstáculos que é a preparação de vocês dentro de uma escola Pública.Tão bom seria se todos os educadores de Escola Pública tivessem esse compromisso e responsabilidade para com a aprendizagem na Escola Pública o que certamente faria uma Educação melhor. Mais uma vez fica a certeza de que podemos sim,fazer muito mais e é muito bom saber que conseguimos participar um pouquinho do sucesso que vocês poderão ter no futuro. Obrigada B.F. ! Vocês serão sempre vencedores por que tem potencial para isso. A Vitória de VOCÊS é a NOSSA vitória diante de um sistema educacional precário no Brasil. Obrigada!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Master,Consultoria e Serviços apresenta NANDO CORDEL no Projeto 5ª Cultural do BASA

Master,Consultotria e Serviços  encerra o ano 2011 trazendo Nando Cordel no Projeto 5ª Cultural do BASA no dia 09/11(quarta-feira) no Teatro I do Sesc, às 19h30.


Nando Cordel, nome artístico de Fernando Manoel Correia  é um cantor, compositor e instrumentista brasileiro.
Tem suas canções gravadas por grandes figuras da música popular brasileira, como Elba Ramalho, que transformou em sucesso sua primeira parceria com Dominguinhos: De Volta pro Aconchego.

Sua fama como compositor é bem maior do que como intérprete. Já teve músicas gravadas por Chico Buarque, Zizi Possi, Fagner, Maria Bethânia, Fábio Jr, Martinho da Vila, Fafá de Belém, Ivete Sangalo e outros. Alguns de seus sucessos são Isso Aqui Tá Bom Demais, com Dominguinhos, Hoje é Dia de Folia, interpretada por Xuxa, e Gostoso Demais.

Como intérprete, já lançou cerca de 25 discos e uma coleção de 12 cds dedicados a músicas para meditação e relaxamento. Segundo ele, essas músicas são um encontro com a paz, a serenidade e a meditação. Com títulos que definem muito bem o que se vai ouvir, a coleção para meditação é composta por músicas instrumentais: Doces Canções, Doce Harmonia, Doce Paz, Doce Luz, Doce Natureza, Dedicado às Flores, Dedicado a Vida, Dedicado à Beleza, Dedicado à Voz e Iluminando a Alma.

Nesta edição, o Banco da Amazônia através do Projeto 5ª Cultural apresenta Nando Cordel com a palestra cantada “A terra é nossa Casa” que tem como objetivo apresentar a carreira, vida e músicas do artista. Nando Cordel falará um pouco sobre seus projetos e cantará trechos de algumas das suas 700 músicas gravadas e que foram sucesso nas vozes de grandes intérpretes da música popular brasileira acima citados.

Histórico
"O Projeto 5ª Cultural iniciou em agosto de 2000 em Belém (PA) e foi uma iniciativa pioneira na Região Norte, estimulando e integrando a prática da solidariedade com incentivo a música, já que cobra como ingresso das apresentações 2kg de alimentos não perecíveis. O Projeto abre espaço para variadas formas de manifestações artísticas, oportunizando a promoção e divulgação de suas produções junto à comunidade. Em Rondônia, o projeto teve início no ano de 2002 criando oportunidades para diversos segmentos culturais e fortalecendo a identidade cultural local. Nesta edição do projeto, o Banco da Amazônia recebe o apoio cultural do Sesc/RO."
 PARTICIPE! SHOW DE PRIMEIRÍSSIMA QUALIDADE!
O ingresso pode ser trocado antecipadamente por 2 kg de alimento não perecível no Banco da Amazônia a partir desta segunda-feira, 07 de novembro.

Fonte: Master,Consultoria e Serviços  (master.c.s@hotmail.com)

domingo, 6 de novembro de 2011

WILLIAM HAVERLY E DISTRITO DE SÃO CARLOS NO PROGRAMA VIVA PORTO VELHO

Os escritores e membros     efetivos da Academia de Letras de Rondônia Viriato Moura e William Haverly estarão no programa Viva Porto Velho deste domingo (06/11). (Fonte: Viva Porto Velho)

O presidente da ACRM - Associação Cultural Rio Madeira, William Haverly Martins será o entrevistado do médico e jornalista Viriato Moura no Programa VIVA PORTO VELHO deste domingo dia 06/11. Autor de várias obras literárias, William que é Membro da Academia de Letras de Rondônia, vai falar sobre as ações da ACRM, e em especial sobre a luta para a restauração do antigo prédio da Ladeira Comendador Centeno, onde funcionou a Prefeitura de Porto Velho e que também abrigou a primeira Câmara de Vereadores.
O economista e jornalista Anísio Gorayeb vai ao Distrito de São Carlos, para mostrar no quadro “Historias da Nossa Terra” como vive sua população. Após um trecho de 65 km de estrada sem asfalto, é necessária uma travessia de barco desde o Rio Jamary até o Rio Madeira. Situado na margem direita do Rio Madeira este pequeno distrito de 1300 habitantes, tem apenas uma escola e um posto de saúde que só recebe médico nos finais de semana.

No quadro Opinião, Viriato Moura vai comentar sobre os serviços prestados pela CAERD – Companhia de Águas e Esgotos do Estado de Rondônia e pela CERON – Centrais Elétricas de Rondônia, e comentará também sobre os preços pagos por estes serviços.
O economista e jornalista Anísio Gorayeb vai mostrar, mesmo com muita chuva, o Distrito de São Carlos no quadro “Historias da Nossa Terra”. (Foto: Ricardo Farias)


O programa apresentará também os quadros: “Momento Esportivo” com Marcos Magalhães e “Seu Direito” com o conceituado advogado Édison Piacentini.
O “VIVA PORTO VELHO” é um programa independente, apresentado por Viriato Moura, com a produção de Ricardo Farias através da New Produtora, e vai ao ar todos os domingos ao meio dia (12h) pela Rede TV canal 17 e pela Via Cabo canal 27.


Fonte: Ascom/Viva Porto Velho.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

NÃO FUI AO VELÓRIO E FESTEJEI SUA MORTE


Por: Sá de Freitas

      Muitos poderão me condenar por  confessar ter festejado a morte de alguém, após mandar matá-lo. Contudo, creio que após contar minha desdita não me censurarão. Era ele um cara insuportável, teimoso insistente e mau, que vivia a me perturbar,  tomando posse da minha vontade e da minha maneira de agir, por mais que eu reagisse. Sempre procurou estar perto de mim, desde  a minha adolescência. Toda vez que o sentia se me  aproximando, meu coração disparava, a adrenalina se agitava, a minha alma doía, espécie de tempestade desabava, conturbando-me o íntimo, além de me aconselhar à prática de atos não condizentes  com o bem. Muitas vezes, dominado pela sua vontade, cometi erros que, por pouco não mudaram a minha vida para pior.
     Difícil é descrevê-lo, por ter sido algo monstruoso, medonho, infecto, nauseante, poderoso e quase invencível em sua maldade. Era um câncer, cujas metástases se espalhavam e se fortaleciam cada vez mais. Não dominava somente a mim, pois tentava apoderar-se de todos sem cerimônia. Os mais fortes ignoravam-no, outros se deixavam dominar e outros ainda, travavam com ele terríveis batalhas a fim de o eliminar, mas nada conseguiam. Era tão maléfico e tão convincente, que muitas pessoas morriam nas mãos de seus seguidores. Eu, graças a Deus, nunca cheguei a tanto, a não ser quando mandei alguém acabar com ele.
     Já estava  cansado e resolvi  lutar pela minha liberdade, disposto  a tudo. Precisava matá-lo a qualquer custo. Entretanto, sentia-me impotente diante da sua força e  agilidade . Resolvi procurar alguém que muitos diziam ser assassino eficaz de todos que praticavam  o mal e pedi-lhe ajuda, contratando-o para eliminá-lo. De pronto veio em meu socorro, mas impôs-me a condição de ser ele o dominador da minha vida, o que aceitei sem relutância, por ter alguém me garantido que se tratava de um personagem que somente dava, a quem o aceitasse, bons conselhos. Sábio, seguro e mais poderoso do que o  miserável que me perseguia, começou a grande peleja. Aos poucos foi ganhando terreno, enquanto a tudo eu assistia, procurando fazer a minha parte com os parcos recursos que possuía. Por fim, o velho dominador caiu vencido, estrebuchou-se agonizante e, deu seu último suspiro. Ninguém mais estava ali para destemunhar o assassinato sem ser eu e o contratado.  Depois disso pude, então, encontrar um novo rumo sem  pedir perdão a Deus e sem sentir remorso algum pelo que mandei fazer.
      Não fui ao velório e festejei sua morte sim e, embora sabendo que as suas raízes ainda se estendiam de maneira assustadora por todos os cantos e recantos, resolvi comemorar o aniversário da sua partida, escrevendo-lhe inclusive um epitáfio com os seguintes dizeres:

                                        
                                            Samuel Freitas de Oliveira
                                                   Avaré-SP-Brasil

Que pena que minha mãe e tantas outras não conseguiram vencer essa doença...