sábado, 24 de setembro de 2011

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE



Drummond, tradutor “Deus sabe como”

Publicação revela detalhes ocultos da produção de Drummond

LUÍS ANTÔNIO GIRON

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ENGAJADO  O poeta Carlos Drummond de Andrade em 1951, ano em que planejava reunir suas traduções de poemas sociais em livro. O volume que sai agora inclui o poema do espanhol Federico García Lorca (à dir.), publicado na revista Esfera, nos anos 1940  (Foto: acervo CDA) 
Quanto mais produtivo o autor, maior a probabilidade de que fique para a posteridade o trabalho de organizar seu material. Por essa razão óbvia, as obras dos escritores se tornam campo aberto à pesquisa e às especulações póstumas. Uma “obra completa” não passa de uma construção contestada e refeita de geração em geração. As marginálias dos escritores renomados surgem à medida que suas obras despertam interesse. O sonho dos estudiosos é conseguir que a marginália altere as ideias adquiridas sobre os textos principais do escritor, o seu cânone.
Não surpreende, portanto, que a obra do mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), um dos poetas basilares da língua portuguesa, continue a estimular o apetite da posteridade. Sua “obra completa” – 45 títulos publicados em vida – acaba de trocar de editora. Por vontade dos herdeiros, ela passou da editora Record para a Companhia das Letras. A reedição de Drummond começará a sair em 2012, com novos estudos sobre sua produção, além de uma prometida e gorda marginália.
Impulsionada pela movimentação, a editora CosacNaify se adianta com um título inédito: Poesia traduzida (448 páginas, R$ 78). A organização e as notas, dos professores Augusto Massi e Júlio Castañon Guimarães, são resultado de uma pesquisa realizada na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, depositária do arquivo Drummond. O trabalho, que durou cinco anos, revelou uma dimensão meio oculta na produção drummondiana: a do tradutor de poesia. São 64 textos compilados em jornais e revistas entre os anos 1940 e 1960, feitos diretamente do espanhol, do francês e do inglês e, indiretamente, de poemas alemães, noruegueses e poloneses.
A edição poderia consistir apenas no ajuntamento de uma produção eventual e sem importância. Até porque o próprio Drummond se definia como um “tradutor Deus sabe como”, “bissexto” e “jornalístico”. Muitos textos ele verteu por necessidade econômica, como os poemas curtos das americanas Dorothy Parker e Carmen Bernos de Gasztold, por encomenda da revista Seleções do Reader’s Digest. O volume, no entanto, contém duas descobertas que realizam o sonho de qualquer investigador de marginália. A primeira é que Drummond pretendia lançar uma coletânea de traduções, que intitularia Poesia errante (traduções). Massi e Guimarães encontraram a referência à obra, jamais publicada, na primeira edição de Claro enigma (1951).
O projeto o levou a trabalhar intensamente com tradução, com ótimos resultados. Nos anos 1940 e 1950, além de verter romances franceses como Ligações perigosas, de Chordelos de Laclos, eA fugitiva, de Marcel Proust, Drummond colaborou semanalmente para o suplemento literário doCorreio da Manhã, traduzindo e elaborando ensaios sobre poetas. Revisou muitas de suas traduções ao longo da carreira. Os pesquisadores buscaram nesses perió­dicos os textos que, supõem, comporiam o volume. A segunda descoberta, mais importante, está na escolha que Drummond fez dos poemas que traduziu. Ela permite redimensionar suas influências e seu perfil intelectual.
Era crença que a influência de Drummond repousava apenas na poesia francesa, sobretudo poetas não alinhados a “ismos”, como André Verdet (1913-2004) e Charles Vildrac (1882-1971). Ele traduziu poemas desses autores, que constam da compilação. Mas os pesquisadores descobriram outras preferências do autor. Uma delas é pelo romanceiro da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), um gênero popular que serviu como veículo de informação e protesto nos anos da ditadura franquista. “Acreditava-se que Drummond havia rompido de maneira brusca com a militância de esquerda, a partir de Claro enigma”, diz Massi. “Mas foi um processo lento, que ele misturou ao trabalho literário.” Massi afirma que Drummond queria reunir poemas militantes franceses e alemães, como os de Paul Claudel e Bertolt Brecht, e de espanhóis, como Federico García Lorca (1898-1936). “Ele não foi um intelectual retraído e afrancesado, e sim um entusiasta da poesia social”, diz. Outra surpresa foi como Drummond se dedicou ao precursor do surrealismo Guillaume Apollinaire (1880-1918). O poeta mineiro se debruçou sobre poemas densos como “A casa dos mortos”, de 1913, e “Colinas”, de 1918. “As traduções dos poemas de Apollinaire revelam um tradutor de altíssima qualidade, um mestre”, diz Guimarães.
Assim, contrariando a imagem consagrada, Drummond sofreu tanto influência francesa como espanhola. Adotou e expandiu em seus textos a forma do romanceiro, com redondilhas e versos livres, e abordou temas semelhantes aos dos poetas sociais e surrealistas de seu tempo. “O exame dessas traduções vai alterar a leitura de Drummond”, afirma Massi. “Ao atingir a maturidade, converteu sua poesia em um meio de resistência ao totalitarismo e de reflexão sobre o mundo.” Por isso, Drummond deve ser reconhecido como um homem que traduziu seu tempo. Um poeta universal.

sábado, 17 de setembro de 2011

“Porquê a Escola João Bento dar Certo?”




Professor Nazareno*

A divulgação dos resultados do ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, provou mais uma vez o que o país inteiro já sabe há anos: o nosso sistema de educação está completamente falido. Apesar de existirem algumas falhas estruturais, esse processo avaliativo é um dos mais perfeitos do mundo e a escola que obtém bons resultados nele pode ser considerada sim, ao contrário do que muitos afirmam, um ótimo lugar para se estudar. Embora não seja o único item para se avaliar a competência de uma escola, o ENEM é um excelente balizador do desempenho de qualquer estabelecimento de ensino. Porém, numa escala que vai até quase mil pontos, a escola melhor colocada no Brasil chegou a marcar setenta e seis por cento. O fosso entre os sistemas público e privado de ensino no país só aumenta e requer urgentes providências.
Em Rondônia, apenas foi confirmada a tendência nacional. No entanto, o destaque foi a Escola Professor João Bento da Costa de Porto Velho. Dentre as escolas públicas estaduais, o JBC despontou como a melhor do Estado com uma nota de 575 pontos, onze a mais do que o ano anterior e muito à frente de muitas escolas públicas tradicionais da Capital. O sucesso desta escola se dá principalmente por que participou da avaliação com um número de alunos (440) superior à soma das dez primeiras escolas classificadas de Rondônia no ENEM, incluindo nesse item as públicas e as particulares. Escola pública à nossa frente só a Marcelo Cândia (95 alunos), que é conveniada com o Estado e muito bem administrada pelas irmãs Marcelinas e o Colégio Agrícola de Colorado do Oeste (73 alunos) que é um estabelecimento Federal.
Além do mais, o JBC participou do ENEM 2010 com muitos alunos da EJA, Educação de Jovens e Adultos, fato que notoriamente faz diminuir o índice final obtido pelas escolas. Conhecidos popularmente como “Eu Jamais Aprenderei”, os participantes dessa modalidade de ensino têm-se esforçado muito para contribuir na elevação dos índices de qualquer colégio. A nota obtida pelo JBC, no entanto, ficou acima das médias nacional e estadual e a apenas 186 pontos da média da melhor escola do Brasil, o Colégio São Bento do Rio de Janeiro que obteve 761 pontos e 84 pontos menos do que o Colégio Classe A, de Porto Velho, apontada pelo ENEM como a melhor escola do Estado de Rondônia já há uma década e que somou 659. Ainda assim, esses números podem revelar uma tragédia anunciada no nosso sistema de educação.
O que não se entende é por que a Escola João Bento da Costa ultimamente tem sido alvo freqüente de pessoas que querem, por motivos desconhecidos, destruir o Projeto Terceirão na escola pública. Uma experiência que sempre deu certo não pode jamais sucumbir à inveja. Diante destes números garbosos, os críticos do JBC deveriam dar um tiro no coco ou mesmo tomar cicuta. “Árvore que não dá frutos não recebe pedradas”, ensina um velho ditado popular. Porém, os ventos soprados pelo ENEM indicam que mudanças precisam ser feitas e urgentemente. A sociedade precisa entender que educação de qualidade é um direito seu e por isso deve cobrar mais das autoridades. Se além de participar de Marchas para Jesus, Passeatas do Orgulho Gay, carnaval fora de época e Banda do vai quem quer o povo exigisse seus direitos, o nosso Estado seria outro. Em vez da “Banda Calixo” e do “Chibiu” da Joelma, precisamos é de boa cultura.
Sem Educação de qualidade não há progresso nem desenvolvimento todo mundo sabe disto, mas pouco se faz para que haja mudanças reais. E infelizmente o que se observa é um festival de erros e ignorância sem precedentes no país inteiro. Nos comentários que se postam em textos na internet a Língua Portuguesa é assassinada a cada palavra escrita. O nível intelectual da maioria dos brasileiros não faz inveja a nenhum jumento. Será que algum leitor, por exemplo, perceberia os erros gramaticais no título deste artigo? A própria SEDUC, Secretaria de Estado da Educação, recentemente grafou errado no muro da escola o nome do João Bento. Em vez de Professor (Prof.) escreveu Professoro (Profº). Além do ENEM, os alunos do JBC são preparados também para a vida. Mais de mil cidadãos de todos os cantos de Rondônia estão hoje cursando uma universidade ou já estão formados exercendo dignamente suas profissões. O sucesso deste Projeto deveria ser copiado pelas escolas públicas do Estado. O Exame Nacional do Ensino Médio funciona apenas como um bom termômetro que indica a febre do paciente. Cabe aos “médicos” de plantão prescrever os remédios certos para o mal ser curado definitivamente. De qualquer forma, parabéns a todos os alunos da Escola João Bento da Costa do ano de 2010. Sucesso a todos vocês.



*É Professor em Porto Velho.

domingo, 11 de setembro de 2011

Onze de Setembro: Uma Década sem Arrogância



Professor Nazareno*
           
Pode até parecer ironia, mas o mundo ficou infinitamente melhor depois dos ataques às torres gêmeas nos Estados Unidos há exatos dez anos. Única superpotência do planeta após o fim da Guerra Fria, os norte-americanos mereceram todo o sofrimento imposto pelo fundamentalismo islâmico naquele fatídico dia: “quem semeia ventos, colhe tempestades”. As autoridades, a sociedade e os Governos daquele país, durante toda a História, nunca colocaram em prática uma política externa que não fosse apenas para defender os seus próprios interesses. Ficaram ricos, muito ricos mesmo impondo sofrimento aos quatro cantos do mundo. Praticamente não há um único país ou região do planeta que não tenha sido vítima do tacão desse maldito povo a exemplo das duas Guerras Mundiais, a Guerra Fria, a Guerra da Coréia, a Guerra do Vietnã dentre outras.
Nestes dez anos, no mundo inteiro há muito que se comemorar. A arrogância e a prepotência, tão comuns entre os nossos “primos do norte”, praticamente caíram por terra. Além do mais, a reação aos acontecimentos serviu para dar um empurrãozinho a mais na derrocada do país. Hoje os Estados Unidos não são nem a sombra daquela poderosa nação do final do século passado. Falaram que gastariam “apenas” 50 bilhões de dólares para vencer o terror. A conta já chega a quase quatro trilhões de dólares, ou seja, 80 vezes mais ou duas vezes e meia todo o PIB do Brasil. Invadiram o Afeganistão e o Iraque, mataram até agora cerca de 900 mil pessoas, mais de 300 vezes os mortos dos ataques de 2001, estão metidos em dois atoleiros sem fim na Ásia, envolveram outros países e podem ser responsabilizados também pelos ataques a Madri e Londres.
A cantilena dos muitos idiotas que defendem com unhas e dentes que os Estados Unidos foram as grandes vítimas do Onze de Setembro, uma vez que morreram quase três mil inocentes, cai totalmente por terra quando se observam as atrocidades cometidas pelas Forças Armadas norte-americanas em países pobres que foram injustamente invadidos e tiveram parte de suas populações morta e dilacerada pelos bombardeios da mais poderosa máquina de guerra do planeta. O massacre sistemático de pessoas inocentes em vilarejos perdidos, a arrogância na prisão de Abu Ghraib no Iraque e o desrespeito a toda e qualquer forma de direitos humanos aos presos de Guantánamo dão a exata dimensão da maldade e da crueldade que o Governo e os militares norte-americanos impuseram a pessoas que apenas julgavam serem culpadas.
Mas a opinião pública ocidental, controlada pelos interesses capitalistas dos Estados Unidos, assegura de forma convicta e tenta inclusive incutir a idéia de que o World Trade Center foi uma grande covardia, uma espécie de Pearl Habor moderno e que o mundo inteiro deveria prestar condolências aos norte-americanos. Tolice, eles apenas colheram o que plantaram durante muitos anos no mundo inteiro. Essa sua colheita maldita é resultado de suas próprias ações e eles deviam saber disto quando se envolveram, treinaram, armaram e foram os responsáveis diretos pela criação de gente da espécie de um Saddam Hussein ou de um Osama Bin Laden. Quando foi interessante, usaram essas pessoas a seu bel prazer para apenas satisfazer suas vontades. Por isso, não podem reclamar: “quem dorme com cachorros, amanhece com pulgas”.
As emissoras de televisão, assim como grande parte da mídia, criam noticiários tendenciosos, inventam mini-séries, fazem programas sensacionalistas, entrevistam pessoas e autoridades, divulgam depoimentos, deslocam seus correspondentes, festejam a data e espalham a idéia equivocada de que o povo norte-americano é de índole boa e que foi a grande vítima do fundamentalismo terrorista. Claro que a verdade não é esta. Nunca foi. Durante a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, eles pressionaram o Japão até a exaustão e não deram outra opção aos japoneses senão atacar as ilhas havaianas e depois venderam ao mundo a falsa idéia de que eram as vítimas. Mataram covardemente mais de duzentas mil pessoas com os ataques nucleares a Hiroxima e Nagasaki e declararam cinicamente que fizeram isso para evitar a morte de pessoas. Como precisavam do petróleo do Mundo Árabe e não mantinham boas relações com alguns países da região, criaram as guerras contra o terror apenas para justificar a odiosa permanência no Oriente Médio e movimentar a sua poderosa indústria bélica. Por tudo isso, o Onze de Setembro veio numa boa hora e pode ser um marco positivo na nossa História: o começo do fim de mais um império. A serpente do mal teve uma de suas cabeças arrancadas e o ódio antiamericano no mundo pode criar outras datas como esta.




*É Professor em Porto Velho.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

CENSO: Brasileiro ficou mais velho e menos branco; população teve menor crescimento da série histórica


imagem censo 2010

 A população brasileira cresceu, ficou menos branca, um pouco mais masculina e envelheceu. Nos últimos dez anos, houve um aumento vertiginoso do número de moradias, dos consumidores com energia elétrica e das casas com distribuição de água. Evoluímos, embora 730 mil pessoas ainda precisem de acesso a luz e 4 milhões de casas não tenham água tratada. Os dados fazem parte do Censo Demográfico 2010 e foram apresentados nesta sexta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A educação também melhorou, mas não o que era esperado. O nível de analfabetismo do brasileiro passou de 12% em 2000 para 9,6% agora, mas o país não conseguirá cumprir a meta de Dakar, estabelecida dez anos atrás no Fórum Mundial de Educação, que pretendia baixar para 6,5% o percentual de pessoas que não sabem ler ou escrever.

População brasileira:

  • 190,7 milhões

    é o tamanho da população brasileira em 2010

  • 600 mil

    é o número de crianças sem certidão de nascimento

Um dado que chamou a atenção foi o de que menos da metade da população se declarar branca. É a primeira vez que isso acontece no Brasil. Ao todo, 91.051.646 habitantes se dizem brancos, enquanto outros 99.697.545 se declaram pretos, pardos, amarelos ou indígenas. Os brancos ainda são a maioria (47,33%) da população, mas a quantidade de pessoas que se declaram assim caiu em relação a 2000. Em números absolutos, foi também a única categoria que diminuiu de tamanho. 
Já as mudanças na estrutura etária foram substantivas ao longo dos anos. Segundo o levantamento, de 1990 para cá, por conta da queda da mortalidade e dos níveis de fecundidade, houve um aumento constante no número de idosos e uma diminuição significativa da população com até 25 anos.
Até a década de 1940, predominavam os altos níveis de fecundidade e mortalidade. Dez anos depois, o Brasil viu sua população aumentar quase 35%, com um crescimento de cerca de 3% ao ano, maior aceleração já registrada. Na década de 1960, o nível de fecundidade começou a cair e, desde então, a população vem crescendo mais lentamente.
Na comparação com o censo passado, feito em 2000, a população brasileira cresceu 12,3%, uma média de 1,17% ao ano, a menor taxa da série histórica. Hoje, somos 190.755.799 brasileiros.
O crescimento, porém, não foi uniforme. No Amapá, a população quadruplicou nos últimos 30 anos, enquanto o Rio Grande do Sul, Estado que teve menor crescimento do país, vê sua população praticamente estagnar. Os menores municípios foram os que perderam mais moradores e os maiores foram os que mais ganharam --mais de 60% daqueles com menos de 2.000 habitantes em 2010 apresentaram taxa de crescimento negativa.
Nas zonas urbanas, o Brasil acumulou mais 23 milhões de habitantes, duas vezes a população da cidade de São Paulo, o que desperta temores de um saturamento das estruturas.
São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador continuam sendo os municípios mais populosos. Belo Horizonte, que era o quarto mais populoso em 2000, passou para o sexto lugar, Manaus pulou do nono lugar para sétimo, enquanto Brasília subiu do sexto para quarto posto no ranking. Porto Alegre foi o que teve menor crescimento.
Amapá, Roraima, Acre, Amazonas e Pará, todos na região Norte, foram os que tiveram maior expansão no número de habitantes. Surge um movimento migratório importante, de ocupação de um território historicamente esvaziado, a partir da expansão das indústrias madeireira, pecuária, de mineração e extrativa.
Não por acaso, Norte e Centro-Oeste foram as duas únicas regiões onde as populações rurais aumentaram. Em âmbito nacional, 2 milhões de pessoas deixaram o campo entre 2000 e 2010, mas na última década o êxodo rural caiu pela metade.
E, apesar de ainda ter a menor densidade populacional, o Norte possui a maior média de moradores por domicílio: em média, quatro pessoas por casa. Dos 57,3 milhões domicílios existentes no Brasil, apenas 6,9% ficam na região, contra 44% do Sudeste e 26% do Nordeste. Mesmo assim, houve um aumento de mais de 41% no número de habitações dos Estados do Norte entre 2000 e 2010.
A expansão das moradias é um fenômeno importante que foi revelado pelo último Censo. Houve um aumento de quase 28% nos domicílios na década, mais que o dobro do crescimento da população brasileira no mesmo período.
O Censo 2010 registrou 9% dos domicílios particulares vagos, sendo que as regiões Nordeste (10,8%) e Centro-Oeste (9,1%) apresentam os maiores percentuais.





Química: Tabela periódica ganha dois novos elementos


José Renato Salatiel*
Somente na última década, Plutão deixou de ser planeta, foi descoberta água em Marte, o genoma humano foi decifrado, as células-tronco puderam ser obtidas sem embriões e soubemos que o "elo perdido" entre o homem e o macaco viveu na África há mais de quatro milhões de anos.


Em ciência, aprendemos que nenhum conhecimento é definitivo. Até mesmo a tabela periódica, que classifica os elementos conhecidos segundo suas propriedades atômicas, está sujeita a revisões.

Na mais recente, anunciada por cientistas no dia 8 de junho, dois novos elementos químicos foram adicionados: os de número atômico (quantidade de prótons) 114 e 116. Eles receberam o nome provisório de ununquádio (114) e ununhéxio (116), em referência aos seus números.

Diferente de elementos mais conhecidos, como o chumbo, o ferro, o  ou o carbono, os novos compostos não podem ser encontrados na natureza. Eles foram criados por cientistas em laboratório, assim como todos os de número atômico superior a 94 na tabela.

Os elementos 114 e 116 são altamente radioativos, pesados e instáveis. Eles duram apenas frações de segundo, após os quais se dividem em substâncias mais leves.

A tabela periódica, elaborada pelo químico russo Dmitri Mendeleiev (1834-1907) em 1869, possui hoje compostos reconhecidos com números atômicos que vão até 112. Os dois mais recentes receberam confirmação da União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC, na sigla em inglês) e da União Internacional de Física Pura e Aplicada (IUPAP). Foram necessários três anos de revisões e dez de estudos até que fossem adicionados à lista.

A descoberta é atribuída aos pesquisadores do Instituto Conjunto para Pesquisa Nuclear de Dubna, na Rússia, e do Laboratório Nacional Lawrence Livermore da Califórnia, nos Estados Unidos. Outros elementos de números atômicos 113, 115, 117 e 118, também encontrados nos últimos anos, aguardam comprovação da comunidade científica para serem oficializados.

Decorar a tabela nova?

Para especialistas, ainda vai demorar para que os novos elementos químicos tenham aplicação prática na indústria ou cheguem ao dia a dia das pessoas na forma de produtos. Mesmo na educação, dizem eles, não deve haver grandes impactos.

Segundo o professor de Física e Química Fábio Rendelucci, por enquanto, o interesse é puramente científico. Ele diz que os compostos com 114 e 116 prótons são muito instáveis e, por isso, não permitem que tenham uso prático.

"Os novos elementos que vêm sendo incorporados à tabela ainda são muito instáveis e de vida muito curta. Todos são radioativos e se desintegram em um curto espaço de tempo, o que faz com que não possamos ainda pensar em aplicações", afirmou o professor.

Rendelucci diz que na educação também não haverá repercussão imediata. O efeito mais importante, diz ele, é mostrar que a tabela periódica é dinâmica. "Se trata de um modelo de classificação para os elementos. O aluno não pode tomá-la como uma cláusula pétrea da Química", disse.

O engenheiro e professor de Química Carlos Roberto de Lana está de acordo sobre o caráter didático da inovação. Para ele, a principal importância da descoberta é mostrar aos estudantes que a ciência é uma atividade em constante aprimoramento.

Lana acredita que a educação científica no país, sobretudo no ensino público, é muito burocrática e presa aos planos de ensino. "Neste contexto, a tabela periódica se torna mais um material para consultar na prova ou decorar antes dela. E assim não se pode ser otimista quanto ao impacto de novas descobertas", disse.

O professor vê ainda a possibilidade de futuras aplicações práticas na engenharia química. No entanto, para isso será necessária a pesquisa de elementos químicos mais estáveis. "Cada nova descoberta permite que entendamos melhor o funcionamento da matéria e a partir daí possamos dominá-la mais e dar-lhe aproveitamentos que façam a vida humana um pouco melhor", afirmou.

O sonho de Mendeleiev

A tabela periódica dispõe os elementos químicos ordenados de acordo com o número atômico. Eles são ainda classificados em metais, não metais e gases nobres e por famílias com propriedades químicas semelhantes.

Hoje, a organização parece simples e intuitiva. Mas foram necessários muitos anos de trabalho para se chegar a esse resultado. As primeiras tentativas de arranjos foram feitas no século 19.

Cientistas como o francês Alexandre-Emile B. de Chancourtois (1820-1886) e o inglês John A. R. Newlands (1837-1898) propuseram uma ordenação periódica das composições químicas, ou seja, elas repetiam a mesma propriedade depois de certo ponto.

Mas foi somente o russo Dmitri Ivanovitch Mendeleiev que, em 1869, descobriu que as propriedades dos elementos químicos provinham de suas massas atômicas. A ideia teria vindo durante um sonho.

A tabela periódica de Mendeleiev foi bem-sucedida não somente por calcular corretamente as massas atômicas como também por prever a característica de novos elementos que seriam descobertos no futuro.
Direto ao ponto volta ao topo
Cientistas anunciaram no dia 8 de junho a inclusão de dois novos elementos químicos na tabela periódica. Os compostos de número atômico (quantidade de prótons) 114 e 116 ainda não foram batizados. Eles são chamados, provisoriamente, de ununquádio (114) e ununhéxio (116), em referência aos seus números.

Diferente de elementos mais conhecidos, como o chumbo, o ferro, o mercúrio ou o carbono, os novos compostos não podem ser encontrados na natureza. Eles foram criados por cientistas em laboratórios, assim como todos os de número atômico superior a 94 na tabela.

Os elementos 114 e 116 são altamente radioativos, pesados e instáveis. Eles duram apenas frações de segundo, após os quais se dividem em substâncias mais leves.

Ambas as substâncias foram descobertas por pesquisadores do Instituto Conjunto para Pesquisa Nuclear em Dubna, na Rússia, e do Laboratório Nacional Lawrence Livermore da Califórnia, nos Estados Unidos. Foram três anos de revisões e dez de estudos até que fossem adicionados à lista.

A tabela periódica, elaborada pelo químico russo Dmitri Mendeleiev (1834-1907) em 1869, possui hoje compostos reconhecidos com números atômicos que vão até 112. Outros, de números atômicos 113, 115, 117 e 118, também encontrados nos últimos anos, aguardam comprovação da comunidade científica para serem oficializados.


Saiba mais

  • O Sonho de Mendeleiev: a verdadeira história da química (Zahar): livro escrito por Paul Strathern que conta a história da química desde os gregos e os alquimistas até a invenção da moderna tabela periódica pelo russo Dmitri Mendeleiev.
*José Renato Salatiel é jornalista e professor universitário.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Competências e Habilidades para o ENEM

O Enem é estruturado a partir de 5 competências – definidas como modalidades estruturais da inteligência, ações e operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre objetos, situações, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer – e 21 habilidades, definidas como decorrentes das competências adquiridas e que se referem ao plano imediato do “saber fazer”, articulando-se por meio das ações e operações.


Competências
I Dominar a norma culta da língua portuguesa e fazer uso da linguagem matemática, artística e científica.

II Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.

III Selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema.

IV Relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente.

V Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os direitos humanos e considerando a diversidade sociocultural.(em Redação)

Habilidades
1 Dada a descrição discursiva ou por ilustração de um experimento ou fenômeno, de natureza científica, tecnológica ou social, identificar variáveis relevantes e selecionar os instrumentos necessários para sua realização ou interpretação.

2 Em um gráfico cartesiano de variável socioeconômica ou técnico-científica, identificar e analisar valores das variáveis, intervalos de crescimento ou decréscimo e taxas de variação.

3 Dada uma distribuição estatística de variável social, econômica, física, química ou biológica, traduzir e interpretar as informações disponíveis ou reorganizá-las, objetivando interpolações ou extrapolações.

4 Dada uma situação-problema, apresentada em uma linguagem de determinada área de conhecimento, relacioná-la com sua formulação em outras linguagens e vice-versa.

5 A partir da leitura de textos literários consagrados e de informações sobre concepções artísticas, estabelecer relações entre eles e seu contexto histórico, social, político ou cultural, inferindo as escolhas dos temas, gêneros discursivos e recursos expressivos dos autores.

6 Com base em um texto, analisar as funções da linguagem, identificar marcas de variantes lingüísticas de natureza sociocultural, regional de registro ou de estilo e explorar as relações entre as linguagens coloquial e formal.

7 Identificar e caracterizar a conservação e as transformações de energia em diferentes processos de sua geração e uso social e comparar diferentes recursos e opções energéticas.

8 Analisar criticamente, de forma qualitativa ou quantitativa, as implicações ambientais, sociais e econômicas dos processos de utilização dos recursos naturais, materiais ou energéticos.

9 Compreender o significado e a importância da água e de seu ciclo para a manutenção da vida, em sua relação com condições socioambientais, sabendo quantificar variações de temperatura e mudanças de fase em processos naturais e de intervenção humana.

10 Utilizar e interpretar diferentes escalas de tempo para situar e descrever transformações na atmosfera, biosfera, hidrosfera e litosfera, origem e evolução da vida, variações populacionais e modificações no espaço geográfico.

11 Diante da diversidade da vida, analisar, do ponto de vista biológico, físico ou químico, padrões comuns nas estruturas e nos processos que garantem a continuidade e a evolução dos seres vivos.

12 Analisar fatores socioeconômicos e ambientais associados ao desenvolvimento, às condições de vida e saúde de populações humanas, por meio da interpretação de diferentes indicadores.

13 Compreender o caráter sistêmico do planeta e reconhecer a importância da biodiversidade para preservação da vida, relacionando condições do meio e intervenção humana.

14 Diante da diversidade de formas geométricas planas e espaciais, presentes na natureza ou imaginadas, caracterizá-las por meio de propriedades, relacionar seus elementos, calcular comprimentos, áreas ou volumes e utilizar o conhecimento geométrico para leitura, compreensão e ação sobre a realidade.

15 Reconhecer o caráter aleatório de fenômenos naturais ou não e utilizar em situações-problema processos de contagem, representação de freqüência relativa, construção de espaços amostrais, distribuição e cálculo de probabilidades.

16 Analisar, de forma qualitativa ou quantitativa, situações-problema referentes a perturbações ambientais, identificando fonte, transporte e destino dos poluentes, reconhecendo suas transformações, prever efeitos nos ecossistemas e sistema produtivo e propor formas de intervenção para reduzir e controlar os efeitos da poluição ambiental.

17 Na obtenção e produção de materiais e insumos energéticos, identificar etapas, calcular rendimentos, taxas e índices e analisar implicações sociais, econômicas e ambientais.

18 Valorizar a diversidade dos patrimônios etnoculturais e artísticos, identificando-a em suas manifestações e representações em diferentes sociedades, épocas e lugares.

19 Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza históricogeográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.

20 Comparar processos de formação socioeconômica, relacionando-os com seu contexto histórico e geográfico.

21 Dado um conjunto de informações sobre uma realidade histórico-geográfica, contextualizar e ordenar os eventos registrados, compreendendo a importância dos fatores sociais, econômicos, políticos ou culturais.

Leia a matriz completa do ENEM  AQUI