terça-feira, 23 de março de 2010

A educação e as novas tecnologias no mundo contemporâneo

A educação e as novas tecnologias no mundo contemporâneo

web.artigos.com

A informática educativa é uma ferramenta pedagógica capaz de auxiliar no processo ensino-aprendizagem e no desenvolvimento das habilidades humanas, sensoriais, intelectuais, emocionais e sociais através da aprendizagem por meio de atividades, de hipertextos, pesquisas e demais recursos da Internet. Utilizar o computador e seus aplicativos na educação como meio de complementação e aperfeiçoamento significa proporcionar ao aluno a oportunidade de vivenciar experiências diversificadas e participar ativamente da construção do seu conhecimento, além de, contribuir para a qualidade de ensino.

Para FREIRE, (2002) "ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção". Neste sentido, a construção coletiva e o uso integrado das múltiplas linguagens geram conhecimentos socialmente relevantes e reconhecem alunos e professores como sujeitos ativos desta construção. Por isso, a escola deve ser um espaço para a troca de experiências, realização de mudanças, execução e divulgar os resultados. Desta forma, estará abrindo novos caminhos e buscando compartilhar o conhecimento para facilitar o processo de aprendizagem. Colocar o aluno em contato com o ambiente computacional representa a ação efetiva na construção do conhecimento ampliando o seu repertório. O que vai ao encontro com a citação de MORAN (2000), quando diz que:

[...] o computador é uma ferramenta para produzir conhecimento por meio de diversas linguagens e aplicativos que permitem o acesso infinito de informações. A utilização dos seus mais diversos recursos virtuais oferece motivação para promover o desenvolvimento do poder de pensamento, como fonte de ideias e interação que facilitam a construção do conhecimento.

Utilizado com ética, bom senso, criticidade e objetividade no desenvolvimento de projetos de trabalho o computador, torna-se, um forte aliado. O conhecimento se processa através da interação, da reflexão pessoal e do domínio do hipertexto, que segundo FREITAS (2005), pode:

[...] o hipertexto informatizado nos dá condições de atingir milhares de dobras imagináveis atrás de uma palavra ou ícone, uma infinidade de possibilidades de ação, muitos caminhos para navegar. [...] o leitor na tela é mais ativo que o leitor em papel.

A presença da tecnologia na educação envolve novas formas de aprender e de ensinar. São inúmeras as possibilidades pedagógicas que o uso da Tecnologia da Informação e da Comunicação proporciona ao processo educativo. É rápido, é moderno e deslumbrante estar conectado ao mundo virtual. A Internet representa um dos mais bem sucedidos investimentos deste campo independentemente da localização geográfica. Visto que, pela conectividade virtual é possível vivenciar experiências, principalmente, de leitura e de escrita que permite a ampliação da forma de linguagem e de expressão. Portanto, usá-la é um desafio para os educadores, que ainda são as peças centrais de todo processo educativo. Daí, a importância de sua preparação e de sua atualização acadêmica frente às necessidades do mundo contemporâneo, tais como: autonomia, capacidade de resolver situações, criticidade, flexibilidade e criatividade. Estes aspectos levam o educando adquirir novos conhecimentos e adaptar-se às mudanças que enfrentará ao longo de sua vida. Neste contexto, a escola deve ser parceira e fornecer instrumentos que auxiliem o professor a promover o crescimento pessoal, social, cognitivo e cultural de seus alunos integrando o uso destas tecnologias em seu processo educativo visando um ensino de qualidade.

Pedagogicamente, a WEB, (world wide web) proporciona também, diversas práticas. É o caminho de aderir à informação que apresenta não ter limites. Na formação on-line, é dada a possibilidade de uma formação autônoma, uma vez que cada um pode ser o mentor do seu próprio conhecimento. Representa a idéia da modernidade. Compartilha informações, amplia a comunicação, proporciona entretenimento, transações comerciais e bancárias e busca novas tendências como a aliança da TV digital, interativa com o computador e as demais redes de comunicação. O ciberespaço tornou-se o fenômeno da "cultura digital".

Serão tratados alguns dos recursos, que compõem as tecnologias de construção para WEB que permitem diversas possibilidades de acesso e promovem a interação com conteúdos educacionais, tais como: o Blog, o Chat, o Fórum de Discussões, o Wiki, a Webquest, o Hot Patatoes e o Podcasting. Vejamos:

·Blog: É um instrumento de avaliação que proporciona o hábito convertido em criatividade, análise e síntese. Além da postagem de texto, é possível inserir outras mídias, como: imagens, sons e vídeos.

·Chat: Refere-se a um bate-papo on-line. Na educação, é recomendado porque é um conhecimento síncrono (imediato) que permite criar sentimentos e laços afetivos.

·Fórum de Discussões: É uma ferramenta para páginas de Internet destinada a promover debates. Através de um conhecimento assíncrono (formulado por etapas) é um espaço para se discutir conceitos.

·Wiki: É um documento colaborativo que integra os participantes e proporciona crescimento coletivo na aprendizagem, uma vez que, seu conteúdo pode ser editado por qualquer um que tenha acesso a ele. Exige uma horizontalidade criativa em tempo real ou não devido ao processo colaborativo. "WikiWiki", sua origem do Havaí, significa rápido.

·Webquest: É uma atividade investigativa onde as informações com as quais os alunos interagem. Elaborada por um professor para ser solucionada por alunos reunidos em grupos, uma proposta metodológica com uso da Internet de forma criativa. É um processo dinâmico, amplo, informativo, investigativo e estimulante como uma possibilidade de trabalho que vai além do ciberespaço. É constituída por seções. São elas: introdução, tarefa, processo, recurso, avaliação, conclusão e créditos.

·Hot Patatoes: É um programa de origem canadense que conta com um conjunto de seis ferramentas de autoria. Esse programa foi desenvolvido pela University of Victoria CALL Laboratory Research and Deselopment. As ferramentas existentes nele possibilitam a criação de exercícios variados, como por exemplo, palavras cruzadas, múltipla escolha, associações entre colunas. Outro ponto relevante no tocante ao uso das ferramentas é a interatividade, uma vez que as atividades são criadas para uso no ambiente da Internet. As etapas básicas para utilização deste programa são: a) a instalação; b) entrada com os dados; c) ajuste; d) exportação; e) publicação.

·Podcasting: é uma forma de publicação de arquivos de mídia digital (áudio, vídeo, foto, pps, etc...) pela Internet, através de um Feed RSS, que permite aos utilizadores acompanhar a sua atualização. Com isso, é possível o acompanhamento e/ou download automatico do conteudo de um Podcast.

Ao usar esta fantástica ferramenta: a "Internet", temos que considerar um aspecto muito importante: há necessidade de se observar os pontos negativos desta utilização, tais como: perda de tempo, impaciência, dispersão e a grande quantidade de informação. A implicação destes cuidados requer critérios para a avaliação de Websites que contemplem o contexto, o design, a credibilidade, a interatividade, a publicação, a atualidade e o viés. A ética, o bom senso, a paciência e o respeito autoral, são atitudes que o internauta deve ter. Uma página bem apresentada é uma boa fonte para pesquisa e o gosto estético nos ajuda nesta avaliação, permitindo a reconhecer e a contemplar a integração de imagem e texto encontrado na Web. Segundo as considerações de MORAM (1997), ensinar na e com a Internet atinge resultados significativos quando se está integrado em um contexto estrutural de mudança do processo de ensino-aprendizagem. Caso contrário, a Internet será uma tecnologia a mais, que reforçará as formas tradicionais de ensino, uma vez que sozinha, ela não modifica o processo de ensinar e aprender.

Outra questão importante é o perigo de Internet para as crianças. Tanto em casa quanto na escola, pais e educadores devem estar atentos à qualidade do acesso realizado. É possível evitar que as crianças se exponham aos riscos e abusos da Internet através de programas que bloqueiam sites questionáveis, monitoram a navegação e não permitem divulgação de dados pessoais na rede. Tal discussão se faz importante, uma vez que, como MORAM (1997) argumenta:

A Internet está trazendo inúmeras possibilidades de pesquisa para professores e alunos, dentro e fora da sala de aula. A facilidade de, digitando duas ou três palavras nos serviços de busca, encontrar múltiplas respostas para qualquer tema é uma facilidade deslumbrante. A comunicação dos resultados ao grupo é cada vez mais relevante pela quantidade, variedade e desigualdade de dados, informações contidas nas páginas da Internet. A colocação em comum facilita a comparação, a seleção, a organização hierárquica de ideias, conceitos, valores. A tendência dos alunos é a de quantificar, mais do que analisar. Juntam inúmeras páginas. Se não estivermos atentos, não explorarão todas as possibilidades nelas contidas.

O poder de interação não está fundamentalmente nas tecnologias, mas nas nossas cabeças. É preciso educar para saber compreender, sentir, comunicar-se e agir melhor, integrando a comunicação pessoal, a comunitária e a tecnológica.

Na educação, é positivo considerar a WEB como um recurso que busca novos caminhos, amplia a comunicação entre professor/aluno e proporciona inovação no processo ensino-aprendizagem. O uso das tecnologias é sem dúvida, uma parceria de peso na ação de superar os limites espaços-temporais como ferramentas eficientes na construção do conhecimento motivando e valorizando o aluno a aprender e não apenas em meros receptores de informações.


Luis Marcos Leite acrescentou mais um item para complementação da matéria acima:

"Lembrei de mais uma ferramenta: o Moodle - que é um software para gestão da aprendizagem e de trabalho colaborativo, permitindo a criação de cursos online, páginas de disciplinas, grupos de trabalho e comunidades de aprendizagem. Está em desenvolvimento constante, tendo como filosofia uma abordagem social construtivista da educação. Tem diversos nomes tais como Course Management System (CMS) e ainda Learning Management System (LMS) ou Virtual Learning Environment (VLE)."


Referência

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de – Pedagogia de Projetos e Integração de Mídia – PGM 5 – Prática e Formação de Professores na Interação de Mídias – Salto para o Futuro- TV Escola.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002, 8a ed.

FREITAS, Maria Tereza de Assunção e COSTA, Sérgio Roberto (Org): Leitura e escrita de adolescentes na internet e na escola. Belo Horizonte: Autêntica, 2005 (p. 11- 44



domingo, 21 de março de 2010

Falta de Leitura: De quem é a culpa? – Por Professor Nazareno*

Falta de Leitura: De quem é a culpa? – Por Professor Nazareno*
Sábado , 20 de Março de 2010 - 9:56
www.rondoniaovivo.com


Há alguns anos, um servente de pedreiro passou no Vestibular de Direito numa faculdade do Rio de Janeiro. Até aí tudo bem não fosse o incrível detalhe de que o indivíduo era analfabeto. O Ministro da Educação de então, professor Paulo Renato, ficou escandalizado com o fato. A comunidade acadêmica ficou em polvorosa. Foi um escândalo. Notícias foram publicadas a respeito, promoveram-se vários debates sobre o assunto. O MEC a partir de então, instituiu a obrigatoriedade de uma prova de Redação para todos os concursos vestibulares (tanto das universidades públicas quanto das particulares), pois acreditavam os sábios do Ministério estar criando assim uma barreira de competência quase intransponível para quem quisesse fazer um curso superior. Ops! Vestibular em faculdade particular?

Os alunos do Ensino Médio do país inteiro, salvo raríssimas exceções, produzem hoje um texto tão bom quanto o que produziria o nosso servente acima citado. Pouco ou nada foi feito para se equipar as nossas escolas de condições para ensinar como se produzir um bom texto. O mercado não tem bons profissionais na área. Muitos professores de Português e até mesmo de Redação não conseguem produzir uma simples lauda com coerência e clareza. A maioria das nossas escolas não tem sequer a disciplina Redação no Ensino Médio. Os mestres não lêem quase nada, pois livros custam caro. O povo não lê. A imprensa escrita, de um modo geral, apenas informa em vez de ajudar a formar. Livros são gêneros tão supérfluos e raros no Brasil quanto caviar de esturjão do mar Negro.

E não adianta muito criar clubes de leitura ou coisas do gênero. Colocar livros como componentes da cesta básica como até já sugeriu um Ministro da Educação é tão ridículo que beira a insensatez. Num país de gente famélica como o nosso, a atividade de ler e produzir um texto passou a ser talvez a mais descartável das ações humanas. Brasileiro não lê, reclamamos. Mas brasileiro come? É preciso reformular tudo, mudar tudo. Fazer uma revolução. A atividade de ler deve sim, começar desde cedo, em casa e incentivada pelos pais. “Um país se faz com homens e livros” (que sejam lidos, é claro). As escolas deveriam cobrar diariamente dos seus alunos a produção de um texto escrito como se fosse uma espécie de ordem do dia.

Além disso, a mídia deveria contribuir com programas de incentivo à leitura e não com essa programação imoral, alienante e sem sentido. Big Brother, Faustão, Xuxa, a Fazenda, Gugu, os programas policias e outras porcarias do gênero deveriam ser extintos da grade de programação, pois nada ensinam e só deturpam e entorpecem a já deficiente e confusa mentalidade do brasileiro. Que contribuição um programa policial dá à cultura e ao país em termos de conhecimento? Geralmente apresentados por psicopatas ou alienados, esses programas são verdadeiros shows de desrespeito aos direitos humanos, de incentivo à cultura da “justiça com as próprias mãos”, além de propagar a desigualdade social entrevistando só os bandidos pequenos, aqueles “que só falam em juízo”.

Infelizmente não será essa greve de professores ou outra qualquer que vai resolver este delicado problema. Nem aqui nem em qualquer outro lugar do país. As eleições já se aproximam e de novo nenhum alento no horizonte. Vamos reconduzir aos cargos para nos governar os velhos de sempre: mensaleiros, sanguessugas, corruptos, mentirosos, ladrões, compradores de votos, estelionatários, bandidos e enganadores de fé alheia. Os raríssimos eleitos que têm compromissos com a educação, com a cultura do povo, se perderão no “oceano de mediocridade” em que se transformou a política nesta nação de semi-analfabetos. O Brasil só vai mudar quando a maioria do “e-leitor” se conscientizar da importância do ato de ler para promover as transformações sociais de que tanto necessitamos para o nosso progresso. Só que estamos a “anos-luz” desta realidade, desta utopia. Uma pena.



*O professor Nazareno leciona na Escola João Bento em Porto Velho.