domingo, 24 de maio de 2009

A pedido de Reitores,prova do ENEM deverá ser menor que a proposta do MEC...


Publicada em 22/05/2009 no jornal O Globo

BRASÍLIA - A pedido dos reitores das universidades federais, o novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que substituirá vestibulares nessas instituições, terá um número menor de questões nas quatro provas objetivas. Em vez de 50 itens, como o Ministério da Educação (MEC) havia proposto, cada teste deverá ter 40 ou 45 perguntas. A decisão será confirmada nos próximos dias pelo comitê de governança, que reúne MEC, reitores e secretários. Veja aqui as universidades que aderiram ao novo Enem
Com menor número de questões, cairá também o tempo de duração do exame. A ideia é que as provas sejam aplicadas num sábado e num domingo à tarde . Antes, estava prevista a realização também no domingo de manhã. As quatro áreas avaliadas seguem as mesmas: língua portuguesa, matemática, ciências humanas e da natureza. A redação também está mantida.
" É possível, sim, reduzir sem perder o poder de discriminação da prova (Reynaldo Fernandes) "
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Reynaldo Fernandes, diz que a redução para 40 ou 45 questões não afetará o nível de conhecimento e de raciocínio exigido. No total, em vez de 200 itens, haverá 160 ou 180, além da redação.
Com a a diminuição, explica Reynaldo, cairá "um pouquinho" o poder de discriminação do novo Enem, isto é, sua capacidade de diferenciar o desempenho dos estudantes. Por outro lado, a medida aliviará o cansaço dos candidatos.
- É possível, sim, reduzir sem perder o poder de discriminação da prova - afirmou Reynaldo.

RIO - Ainda na primeira quinzena de junho os estudantes poderão conhecer o modelo da nova prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, na próxima reunião do comitê responsável por elaborar as mudanças no exame, o modelo será discutido e em seguida divulgado. A idéia é disponibilizar um modelo reduzido da prova na internet. Modelo de prova do novo Enem será divulgado na primeira quinzena de junho, diz Haddad

As inscrições começam no dia 15 de junho - diz Haddad após entrevista nos estúdios da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). O ministro ressaltou que a matriz de habilidades e de conteúdos do novo Enem já está disponível para consulta no site do MEC.

Veja aqui as diretrizes do conteúdo da prova do novo Enem

Ele avaliou como surpreendente a adesão das universidades federais ao exame em substituição total ou parcial ao vestibular tradicional. Pelo menos 35 das 55 instituições vão utilizar o Enem em seus processos seletivos.
O ministério apresentou quatro opções de adesão às instituições. Elas poderão utilizar o Enem como prova única; como primeira fase, ficando a segunda a cargo da instituição; combinando a nota do Enem à do vestibular tradicional ou para seleção de estudantes para vagas remanescentes.
As provas do novo Enem estão marcadas para 3 e 4 de outubro. O exame será composto de quatro disciplinas (linguagens e códigos, matemática, ciências da natureza e humanas).

Fonte: Jornal O Globo

Novo Enem e fim das disciplinas do Ensino Médio serão debatidos em encontro do MEC


Publicada em 21/05/2009 às 20h37em O Globo

RIO - O Fórum dos Coordenadores Estaduais do Ensino Médio e a Secretaria da Educação Básica do Ministério da Educação discutem, nesta terça e quarta-feira, o novo Enem e mudanças no currículo do ensino médio.
Segundo o Ministério da Educação (MEC), o novo ensino médio é um programa de apoio técnico e financeiro oferecido às redes estaduais que desejam melhorar a qualidade do ensino. Veja aqui as universidades que aderiram ao novo Enem

Entre as inovações que o MEC sugere estão a ampliação da carga horária dos três anos do ensino médio para três mil horas (hoje são 2.400 horas); a leitura como elemento central e básico em todas as disciplinas; estudo da teoria aplicada à prática; fomento às atividades culturais; professor com dedicação exclusiva.

Colocar a leitura no centro do currículo, segundo Maria Eveline, tem o objetivo de preparar o cidadão para ter êxito tanto nos estudos como na vida. Às vezes, a dificuldade do estudante não está no conteúdo da disciplina, mas na forma de ler e de interpretar os códigos, diz a coordenadora.

O diretor de avaliação da educação básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Heliton Ribeiro Tavares, vai apresentar o novo Exame Nacional do Ensino Médio, proposto pelo MEC. Os modelos de provas, o número de questões, a segurança da aplicação, o calendário. No mesmo encontro, o fórum vai saber do andamento do debate sobre a revisão das diretrizes curriculares do ensino médio. Esse tema será abordado pelos consultores Antônio Flávio Barbosa, da PUC-RJ, e Alfredo Veiga Neto, da UFRGS.

Fonte: O GLOBO

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Os 120 anos da Torre Eiffel..

* Do alto da torre, é possível ver Paris, a cidade que não precisa de sol para ser bela...
A torre, que também é conhecida como Dama de Ferro, tem uma controvérsia em relação à idade: há quem diga que o aniversário é em 31 de março, data em que Gustav Eiffel levou um grupo de pessoas para vê-la. Mas a data oficial é 15 de maio, quando foi aberta ao público. A torre surgiu de sonhos de grandeza. A cidade sediou a exposição universal de 1889, para comemorar os 100 anos da Revolução Francesa. Além dos prédios da exposição, queria algo inesquecível, impressionante: uma torre de 300 metros. Em um concurso, projetos neogóticos, faróis sem charme foram descartados. Venceu a proposta de um empreendedor que já fazia fama no mundo: Gustav Eiffel era a síntese do homem de seu tempo, como uma exposição comemorativa na prefeitura de Paris mostra bem. A construção em estrutura metálica era um grande avanço, tornado possível pela Revolução Industrial.
O mundo estava cheio de novidades: descobria o telefone, a lâmpada. E Gustav Eiffel oferecia os atalhos, as obras de arte da engenharia – até para terras distantes da América do Sul, como um projeto para São Paulo. A torre era também um resumo da França colonialista, a França do progresso. Dois milhões de pessoas subiram a torre no primeiro ano. Alguns, já de elevador - pela primeira vez usado em uma estrutura tão grande. O sucesso fez de Eiffel uma estrela instantânea, que aparecia nos suvenires da feira. As formas da torre eram imitadas em todo tipo de objeto, mas ela não era unânime. Liderados por Guy de Maupassant, intelectuais e artistas tentaram impedir a construção do que achavam um monstrengo. Terminada a exposição, ela deveria ser desmontada. Mas Eiffel conseguiu perpetuar seu monumento convencendo militares da sua importância estratégica. Anos depois, conseguiu impedir que fosse desfigurada com projetos – esses sim – esdrúxulos para outra exposição, a de 1900.
Assim, a torre foi avançando as décadas. Um símbolo tão forte de Paris e da França, que foi nela que os nazistas marcaram sua ocupação. É perto dela que estouram os fogos do 14 de julho. É aos seus pés que a multidão espera o ano novo. Volta e meia, ela se enfeita de luz, para comemorar um evento, ou um momento - como o azul profundo da União Europeia, durante a presidência francesa, no ano passado. Mas, no centro da cidade-luz, com seu farol, no dia a dia, ela exibe uma elegância mais discreta. Uma luz quente, que ressalta as curvas e o sofisticado trabalho de metal. De hora em hora, na hora cheia, por 10 minutos, há a explosão de luzes para celebrar que uma nova hora se passou.

Hoje, a torre chega aos 324 metros graças às antenas de rádio e de TV no alto. Mas a sua grande utilidade ainda é provocar admiração.

ENEM

"É uma prova que favorece a capacidade de raciocínio do aluno, justamente para evitar aqueles constrangimentos comuns em vestibulares de a pessoa esquecer uma fórmula ou coisa parecida, e ser prejudicada por isso. A ideia é facilitar a vida do estudante e não complicar”, defende o ministro da Educação, Fernando Haddad.

SERÁ? nossos alunos não são preparados para leitura e interpretação,não seria o caso de antes de mudar o ingresso em Universidades Públicas se buscasse melhorar o ensino público?Observa-se no atual ENEM uma média baixíssima no ensino público e aqueles que conseguem alguma coisa são os que correm por fora da escola pública procurando aperfeiçoar-se em cursinhos e aulas particulares.São raras as exceções de quem consegue inscrever-se no PROUNI com uma média boa vindos apenas da Escola Pública,pois quem consegue isso são aqueles que traçam objetivos desde cedo,são aqueles que tem acompanhamento dos pais desde a base e hoje, o que se observa é o distanciamento da família da escola,eles apenas "jogam" seus filhos numa escola e só descobrem que o filho reprovou quando são obrigados a fazer uma nova matrícula.Enquanto não houver uma mudança radical no comportamento de nossos adolescentes,no modo de ensinar de nossos professores,no programa político do Governo,nada adiantará,pois as médias existentes até então tendem a cair ainda mais na nova metodologia do ENEM.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) vai ser uma prova mais longa e com questões do dia a dia. A prova quer testar o que o aluno entendeu e não o que ele decorou.Mas como cobrar uma leitura de mundo se nossos adolescentes não leem????? E o Ministério da Educação espera ainda que, em três anos, o Enem passe a ser o novo vestibular para as universidades públicas.


Pelo menos, 48 das 55 universidades federais do país já decidiram adotar a nota do Enem como forma de selecionar os alunos. Para a educadora Monia Lemos, que também diretora de escola, a prova vai ficar mais difícil. “O aluno vai ter que estudar um pouco mais e vai ter que se aprofundar mais. Uma vez que as universidades federais vão aceitar o Enem como prova, então, com certeza, eles vão aprofundar mais os conhecimentos”, afirma Monia. A prova do novo Enem vai ser aplicada em outubro em 1,6 mil municípios do país. E a partir de agora, será mais longa. Em vez de 63, terá 200 questões de múltipla escolha e uma redação.

A prova vai ser dividida em quatro áreas. Em matemática, serão exigidos conhecimentos numéricos, geométricos e estatística. Em ciências humanas, o estudante terá que saber história, questões ambientais e leitura de mapas. Em ciências da natureza, conhecimentos de física, química e biologia. E em linguagem, por enquanto, só português. Mas, a partir do ano que vem, entra também inglês.

Para que o aluno possa entender as mudanças e se preparar, o Ministério da Educação promete divulgar nos próximos dias um modelo, um exemplo, da prova do novo Enem mas uma dica vale: Se o aluno não estiver disposto a ler muito e informar-se sobre todos os assuntos no que tange a conhecimentos gerais relacionando-os ao conteúdo estudado contextualizando-os,ficará muito difícil atingir uma média para concorrer a um curso bom nas Universidades Federais.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Há cem anos Rondon chegava a Rondônia

Foi no dia 4 de maio de 1909, que Candido Mariano da Silva Rondon iniciou a missão cujo objetivo era levar a linha telegráfica ao noroeste mato-grossense, saindo de Tapirapuã com destino ao Juruena e daí, até o Rio Madeira aonde chegou no dia 25 de dezembro daquele ano, na localidade em São Carlos na foz do rio Jamari. Para falar sobre a Missão Rondon, foi convidado o museólogo Antônio Ocampo Fernandes um estudioso da vida de Rondon. Ocampo tem vários trabalhos sobre a vida do bandeirante do século XX. O mais recente, está aguardando apoio para ser publicado. “Ano passado, levamos até o secretário da Secel Jucélis Freitas a sugestão de uma programação para ser desenvolvida durante o ano de 2009 quando se festeja o centenário da chegada de Rondon a Rondônia. A programação apesar de não ter sido totalmente acatada, vai acontecer sob a coordenação da Casa Civil durante todo esse ano”. A Comissão Rondon enfrentou no trecho da Serra do Norte ate o rio Madeira as piores intempéries e os maiores problemas que se possa imaginar, tanto na dificuldade de locomoção, ataque de índios e doenças. “Um dia, estando a maior parte dos seus homens exaustos e doentes apresentando o próprio Coronel Rondon 41 graus de febre, o médico da expedição, que era o Dr. Tanajura, intimou-o a que regressasse por lhe parecer fatal, a todos, a continuação da viagem, especialmente ao chefe depauperado e, mais do que todos, atacado do mal. Rondon respondeu-lhe que o chefe da expedição era o único dos seus membros que não podia voltar atrás; que fossem, pois, examinados e mandados regressar todos os doentes que precisam dessa providência; ele, porém, seguiria sempre, ainda que ficasse só. No dia anterior, tinha andado seis léguas a pé” (Missão Rondon p.14). A vida do Coronel Rondon constitui, como se vê, um exemplo, um estímulo para a mocidade... (Idem). Candido Mariano da Silva Rondon nasceu, órfão de pai, no lugar denominado Mimoso, nas cercanias de Cuiabá, a 5 de maio de 1865. Na entrevista que segue, Antônio Ocampo fala sobre o porque Rondon jamais citou o nome de Aluízio Pinheiro Ferreira em suas palestras e publicações. “Acontece que Rondon considerava Aluízio como traidor”. Outro fato destacado pelo nosso entrevistado, é a falta de consideração para com o nosso principal herói, o único brasileiro cujo nome é nome de um estado. “A história de Chico Mendes não dá quatro páginas de um livro e mesmo assim, o Acre o reverencia como um grande herói. Nós aqui que temos Rondon, cuja história ainda não foi suficientemente contada, e não o reverenciamos é necessário rever tamanha falta de responsabilidade cultural”.

Zk – Quando foi que Rondon começou a missão que trouxe a linha telegráfica de Mato Grosso até Santo Antônio do rio Madeira no hoje estado de Rondônia?

Antônio Ocampo – Sem dúvida nenhuma, Rondon teve uma etapa que se prolongou por três anos para chegar ao rio Madeira e essa sua passagem se iniciou em 1907, quando ele vai de Cuiabá ao Juruena, que era uma terra pouco conhecida em virtude dos índios Nhambiquaras que comandavam toda aquela região. Em 1908 ele faz a passagem entre o Juruena e a Serra do Norte, que hoje é ali o chapadão de Vilhena. Ele alcançou então, esse chapadão da Serra do Norte em 1908 e vem então o ano seguinte quando se registra a sua passagem mais dramática de todas, pela dificuldade do terreno, das intempéries do meio ambiente e claro, da nossa flora amazônica.

Zk – Essa terceira tentativa de alcançar o Madeira o fez pisar em terras que hoje são rondonienses em que dia?

Antônio Ocampo – No dia 4 de maio de 1909. Portanto o centenário da chegada de Rondon em terras rondonienses começa neste dia 4 de maio de 2009.

Zk – Você tem conhecimento de alguns fatos ocorridos durante essa passagem?

Antônio Ocampo - Foi uma das passagens mais dramáticas que o Mal. Rondon percorreu, ele e seus comandados. Ele andava com uma tropa de pessoas, uma tropa de animais e no mínimo, nessa viagem, ele carregou 13 cachorros, que eram os animais que colocavam os índios pra correr, era os animais que ajudavam nas caçadas. Só que...

Zk – O que aconteceu?

Antônio Ocampo - Vou adiantar um pouquinho essa história. Quando ele chegou ao rio Pardo já no mês de novembro, não tinha mais nenhum cachorro, todos foram mortos por queixada, onça, por doença ou de fome.

Zk – Alem desses 13 cachorros quais ou animais ele levou?

Antônio Ocampo - Levou muitos burros, muito cavalo, muitos bois. Inclusive a tropa que ele imaginava que chegaria até o Jaci Paraná ponto aonde ele achava que ia alcançar o rio Abunã mais facilmente, ele se perdeu, por conta dos mapas que não diziam verdadeiramente a localização do rio Jaci Paraná. Quando ele chega ao rio Machado imagina ser o Jamari que poderia estar próximo do Jaci e ele se engana mais uma vez, quando chega ao rio Jaru, mais uma vez imagina ser o Jamari que ficaria próximo das cabeceiras do Jaci, outro engano.

Aí tem o episódio do seringueiro perdido na mata que foi encontrado pela equipe de Rondon?

Antônio Ocampo – Sua equipe encontra o seringueiro chamado Miguel Sanka perdido na floresta e o Miguel Sanka passa as orientações para ele que até duvida, por causa da sanidade mental daquela pessoa, que estava há quatro meses perdido na floresta, vivendo só da pesca, de gongo do coco babaçu, castanha e muito debilitado. Quando Rondon percebeu que Sanka estava falando a verdade, já estava próximo ao rio Jamari.

Zk – Na realidade onde foi que ele encontrou o Sanka? Antônio Ocampo – Foi no Rio Pardo. Ele sai margeando esse rio e alcança o rio Jamari já cheio de seringueiros, foi aí que ele ficou sabendo que o rio Jaci Paraná ficava muito distante do rio Jamari e que seria uma viagem perdida se ele, Rondon, quisesse fazer novamente essa empreitada.

Zk – Por que?

Antônio Ocampo – Quando eles chegaram ao rio Pardo e se deparam com um casal de seringueiros, estavam completamente nus e altamente debilitados. Todos eles doentes, só no osso e na pele.

Zk – Nós já estamos no rio Jamari. E como foi que ele chegou a Presidente Pena hoje Ji-Paraná. É verdade que quando Rondon chegou ali já existia uma Vila?

Antônio Ocampo – Não! Historicamente existiam seringueiros sim, mas não no ponto onde hoje é a cidade de Ji-Paraná. Existiam seringueiros próximos ao rio Madeira, mas, não tão dentro assim a ponto de estarem aonde é hoje a cidade de Ji-Paraná.


Zk – E o que existia, o que ele encontrou quando chegou ao local onde hoje é a cidade de Ji Paraná?

Antônio Ocampo – Encontrou uma ótima localização, por isso, ele então instalou uma estação telegráfica naquela margem do rio Ji-Paraná e colocou o nome de Presidente Pena.

Zk – Você sabe dizer por que Presidente Pena?

Antônio Ocampo – Foi uma homenagem ao presidente da república Afonso Pena que criou a Comissão Rondon e que morreu no inicio de 1909, daí Rondon quis homenageá-lo dando seu nome aquela estação “Presidente Pena”.

Zk – Você tem a data da chegada de Rondon à hoje cidade de Ji Paraná?

Antônio Ocampo – Foi em setembro de 1909. O dia certo nós não podemos dizer, até porque, quando ele alcançou o rio Machado, ele então percebeu que era um rio de grande porte e margeou esse rio por muito tempo, por vários dias, até conseguir atravessar num estreito.

Zk – Isso quer dizer que a cidade de Ji-Paraná pode festejar seu centenário no próximo mês de setembro?

Antônio Ocampo – Eu acredito que, como a estação só foi inaugurada em 1911 temos ainda dois anos para festejar realmente o centenário da cidade de Ji Paraná.

Zk – Por falar nisso, qual foi a primeira estação inaugurada por Rondon em terras do hoje estado de Rondônia?

Antônio Ocampo – A primeira estação foi a de Vilhena numa das áreas mais bonitas do nosso estado. Ali ele encontrou tantos rios que disse, “nunca viu tanta água, num pedaço de terreno tão pequeno”. Ele então privilegia aquela região, como uma de suas bases. Ele gostava muito daquela região, tanto é, que quando ele vinha pra cá ficava dias e dias em Vilhena.

Zk – As demais estações?

Antônio Ocampo – Em seguida inaugura a Ji-Paraná, Jaru, Karitiana que fica entre Jaru e Ariquemes e só em 1914 que ele inaugura quatro estações de grande porte, que são: a de Presidente Médice; Ariquemes, Karitiana e a de Santo Antônio em 1º de janeiro de 1915.

Zk – Nas duas primeiras expedições ele sofreu muito ataque de índios principalmente dos Nhambiquaras quando estava em busca do rio Juruena?

Antônio Ocampo – Em 1907, quando ele encontrou o Juruena passou dois dias lá descansando, porque sabia que a volta ia ser muito difícil. Ele já tinha encontrado vestígios dos Nhambiquaras que eram índios altamente arredios. Rondon e seus companheiros tinham muito medo de um ataque a qualquer momento. Uma hora depois que eles saíram do Juruena os índios atacaram e Rondon foi o principal alvo, tanto que ele recebeu uma flechada no peito e só escapou por causa da bandoleira da sua espingarda.

Zk – É verdade que em virtude dessa flechada ele atirou nos índios?

Antônio Ocampo – Na verdade ele quis reagir, mas pensou imediatamente e deu dois tiros pra cima e seus companheiros também deram tiros pra cima e quiseram revidar e Rondon não deixou. Foi daí que nasceu a paixão de Rondon pelos índios verdadeiramente.

Zk – E quando foi que Rondon conseguiu a aproximação com os Nhambiquaras?

Antônio Ocampo – Os atuais antropólogos dizem que Rondon foi o maior matador de índio.

Zk – Foi?

Antônio Ocampo – Na verdade, o Brasil não teria mais indígena. Não teríamos terras indígenas hoje demarcadas. Foi o Rondon que lutou junto ao governo brasileiro e ao exército para que as terras indígenas fossem demarcadas. O contato com os Nhambiquaras propriamente dito, só veio ocorrer com a inauguração da estação de Vilhena e José Bonifácio em 1911.

Zk – Quando Rondon chega a Santo Antônio ele não se decepcionou ao ver que a região já era dotada inclusive de serviço de rádio telegrafo sem fio?

Antônio Ocampo – Já escrevi a esse respeito em outros artigos onde digo o seguinte: Rondônia tem três grandes obras que não serviram na sua totalidade para aquilo que foram construídas. A primeira foi o Forte Príncipe da Beira; que antes dele ser inaugurado é selada a paz entre as duas maiores potências da época Portugal e Espanha então o Forte nunca deu um tiro. A segunda grande obra que também não serviu pra muita coisa, foi a própria Madeira Mamoré, porque o potencial da borracha até 1912 era da Amazônia, quando a exportação asiática começa a entrar no mercado europeu e americano enfraquece a borracha da Amazônia e a nossa Madeira Mamoré já nasce morta. A terceira grande obra: Infelizmente as linhas telegráficas passaram por esse mesmo drama. Quando ela é inaugurada em 1915 a Madeira Mamoré já tinha o serviço de rádio. Isso realmente deixou Rondon decepcionado, tanto que o governo brasileiro deixou de estender as linhas telegráficas até aonde elas tinhas que chegar que era a região do Acre do Purus e de Manaus e ficou aqui em Guajará- Mirim. O lugar mais longínquo que a linha telegráfica chegou foi Guajará-Mirim.


Zk – Bom! Quando foi que Rondon conseguiu chegar ao rio Madeira com sua linha telegráfica?

Antônio Ocampo – Como já disse, a idéia dele era chegar ao Madeira via rio Jaci - Paraná e como vimos não foi possível porque as cartas geográficas que ele tinha estavam erradas. Então, ele sai no Madeira via rio Jamari justamente no dia 25 de dezembro de 1909. Em São Carlos ele passa três dias descansando e então sai rumo a Santo Antônio e dá ordem para que aquela equipe que estava em Jaci esperando-o com todos os mantimentos regressasse para Santo Antônio.

Zk – Você sabe se o governo do estado de Rondônia está programando alguma festa relativa ao centenário da chegada de Rondon a Rondônia?

Antônio Ocampo – Há um ano eu propus à Secel que se montasse um grande evento já que o Mato Grosso fez em 2007/2008 e nós de Rondônia por sermos o único estado brasileiro que leva o nome de um homem brasileiro, temos por respeito a esse fato histórico e a esse homem que comandou pessoas de bem, deveríamos fazer um festejo em comemoração ao centenário de sua passagem por nossa região.

Zk – E o resultado dessa sugestão?

Antônio Ocampo – O secretário Jucélis acatou e levou a idéia adiante, então o governo de Rondônia está sim fazendo um evento que a meu ver, merecia muito mais, do que o que está se propondo. Acho que deveríamos ter um evento que envolvesse a população de Rondônia para que ela tomasse pé de o porquê Rondon é tão esquecido. Nós de Rondônia não damos crédito a esses heróis. O Acre dá o maior valor a Chico Mendes cuja história não cabe em quatro páginas de um livro. A história de Rondon é incompleta até hoje. Acho que esse centenário que começa agora dia quatro de maio e se estende até dezembro, tem muito tempo para que os governos, as prefeituras dessas cidades que devem a Rondon sua existência, organizem alguma coisa para lembrar a chegada de Rondon em terras de Rondônia.

Zk – O que já existe programado por parte do governo estadual?

Antônio Ocampo – Existe através da Casa Civil do Gabinete do Governador o agraciamento com a Medalha do Mérito Rondon a várias personalidades nacionais e estaduais. Vamos ter exposições que vão andar o estado todo, um musical que também vai acompanhar essa exposição e nessas localidades o governador fará entrega dessas medalhas.

Zk – Vamos começar a encerrar essa entrevista. Porém precisamos saber o porque em nenhuma publicação sobre a obra de Rondon, é citado o nome de Aluízio Pinheiro Ferreira o criador do Território Federal do Guaporé hoje estado de Rondônia. Já que dizem, ele, Aluízio, fez parte da Comissão Rondon?

Antônio Ocampo – Apenas os historiadores de Rondônia, colocam Aluízio Ferreira até como o homem que salvou Rondon do ostracismo no governo do Getúlio Vargas. Não é tanto assim. Rondon em 1930 quando foi preso pelo governo Vargas porque não aceitou fazer parte do governo e para Vargas era muito importante sua adesão, uma vez que Rondon já era famoso ou respeitado no mundo todo.

Zk – E o Aluízio Ferreira?

Antônio Ocampo – Em 1929, Aluízio Ferreira se encontra com Rondon no Rio de Janeiro. Acontece que Aluízio havia fugido do exército na época do tenentismo e foi se esconder nos seringais do Vale do Guaporé e então conheceu alguma realidade daquela região principalmente de alguns grupos indígenas e ele então leva esse relatório a Rondon. Rondon passou a admirar um homem que também gostava da causa indígena. Rondon então abrigou Aluízio Ferreira em sua Comissão, lhe dando todo amparo possível. Quando veio o golpe de trinta o Aluízio ao invés de acompanhar Rondon não, passa a acompanhar Getúlio Vargas. Rondon com certeza não gostou dessa atitude de Aluízio Ferreira, tanto, que nunca citou o nome de Aluízio Ferreira em nenhuma de suas declarações. Acho que ele considerava o Aluízio Ferreira um traidor.

Zk – Você tem um livro sobre Rondon pronto. Quando vai acontecer o lançamento dessa obra?

Antônio Ocampo – Essa obra é sobre os acontecimentos da Comissão durante o ano de 1909, quer dizer, sobre a chegada de Rondon em terras que hoje formam o estado de Rondônia. Estamos aguardando um determinado apoio porque ele vai ter 120 fotografias, cada uma, no seu lugar historicamente, para que os nossos estudantes conheçam não só a história de Rondon, mas, a realidade do que era essa região naquele tempo. Região que era colocada no mapa do Brasil até 1909, como região desconhecida!

Fonte: O Observador